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dimanche 27 mars 2016

sinopse (português)

Filme de encontros, O Último Porto increve-se na continuidade dos meus dois filmes anteriores Encontros e Polifonias, formando com eles uma espécie de tríptico. Mas, ao propor um encontro entre as culturas portuguesa e turca, vai  cruzar com  dois filmes que realizei nos anos 70 sobre as cerimónias - o zikhr - nos tekkes de confrarias soufis na Turquia : Mevlevi e Djerrahi.

O Último Porto procurará concretizar em imagens e sons o sentimento de uma analogia subterrânea, - em parte subjectiva -  de certos dados topográficos e culturais portugueses e turcos, evocando assim a permanência secreta e silenciosa da cultura muçulmana subjacente á cultura portuguesa.

Ao provocar encontros entre membros destas duas culturas, por intercessão da música, do canto, da poesia e dos lugares, poderá revelar-se o que, para além dos dados históricos, tece os laços entre dois universos aparentemente tão distantes um do outro.

Se historicamente, nada vem fundamentar uma relação directa entre Portugal e a Turquia, é certo contudo que a presença moura marcou profundamente a cultura portuguesa e que a cultura turca à medida que o seu povo avançava desde as estepes da Mongólia em direcção ao Oeste, se impregnou fortemente da cultura árabe e muçulmana, mas também da cultura bizantina.

 Por isso, ouvir o ritmo do bendir, o tambor utilizado pelos sufis e os sons do zikhr ressoar sobre as falésias da costa vicentina, lá onde Ibn Quasi, o rei sufi de Mértola, teria instalado o seu tekke (ribat), ouvir o som do ney turco elevar-se na planície alentejana ou acompanhar um poema de Virgínia Dias poderá interrogar-nos sobre os universos humanos e culturais que interagem além das fronteiras do espaço e do tempo, e em que medida ainda o olhar do outro e as partilhas nos enriquecem, reanimando memórias seculares, que longe de qualquer nostalgia, alimentam o nosso presente e o nosso futuro.