mardi 18 février 2020

O Último Porto - Para aqui confluem outras forças, semelhantes mas tão diferentes

Descendo o rio, virando a Leste, vai-se ter a uma cidade vibrante, cheia de gatos e enigmas, misérias e riquezas, girando sobre si mesma, cruzada e unida por pontes, e, como poucas outras, por terra e por água, uma confluência.

Subindo o rio, o destino é outro. O silêncio da cal, a respiração ouvida, a proximidade do trigo e da oliveira, desde logo o saber árabe, trazem à margem uma outra toada quotidiana

Para aqui confluem outras forças, semelhantes mas tão diferentes. É tempo de atracar, numa e noutra.
Paredes-meias com o mundo.
Sérgio Godinho - in O Último Porto

mardi 11 février 2020

O Último Porto - Cinemateca Portuguesa - 27.02.2020


O Último Porto - Além das Pontes sera apresentado em ante-estreia na Cinemateca Portuguesa na quinta-feira 27 de Fevereiro às 19h00 numa sessão com a presença do realizador.

O Último Porto - Além das Pontes sera présenté en avant-première à la Cinemateca Portuguesa le jeudi 27 février 2020 à 19H00 lors d'une séance avec la présence du réalisateur.

lundi 10 février 2020

O Último Porto na Cinemateca Portuguesa - 27.02.2020

O Último Porto - Além das Pontes sera apresentado em ante-estreia na Cinemateca Portuguesa na quinta-feira 27 de Fevereiro às 19h00 numa sessão com a presença do realizador.

O Último Porto - Além das Pontes sera présenté en avant-première à la Cinemateca Portuguesa le jeudi 27 février 2020 à 19H00 lors d'une séance avec la présence du réalisateur.

mercredi 2 octobre 2019

O Último Porto no Festival DocLisboa 2019 - 24 e 25.10.2019

O Último Porto - Além das Pontes foi seleccionado para a secção Da Terra à Lua do Festival DocLisboa 2019 que vai decorrer de 17 a 27 de Outubro de 2019 e será apresentado na quinta-feira 24 às 21h45 na sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge e na sexta-feira 25 às 22h00 no Cinema Ideal.

O Último Porto - Além das Pontes (Le Dernier Port - Au Delà des Ponts) a été sélectionné pour la section Da Terra à Lua du Festival DocLisboa 2019 qui va se dérouler du 17 au 27 octobre 2019 et sera présenté le jeudi 24 à 21h45 dans la salle Manoel de Oliveira du Cinema São Jorge et le vendredi 25 à 22h00 au Cinema Ideal.

dimanche 27 mars 2016

Virgínia Dias - 2

Virgínia Dias nasceu no Alentejo, em 1935. Filha de campones, ela teve que deixar a escola aos 11 anos, no final do ensino básico para ir trabalhar no campo dos proprietários latifundiários e ajudar assim a sua família a criar seus irmãos e irmãs. É na mesma idade que ela começou a compor poemas que guarda em sua memória até agora. Virgínia conta que não podendo aprender com os livros, forma os campos, as nuvens, o vento ... que lhe ensinaram o que aprendeu.

Encontra o poeta e futuro cineasta António Reis pela primeira vez nos anos cinquenta quando o grupo coral onde ela cantou foi no Porto. A seguir, António Reis irá para Peroguarda, a aldeia onde ela viveu e ainda vive, para gravar os cantos alentejanos e os poetas populares, incluindo Joaquim Lenca Antonio pastor analfabetos, que Virgínia considera seu mestre na poesia. António Reis depois aconselhara ao Michel Giacometti, "o corso que salvou a música Português popular" para ir para Peroguarda. Eles se tornam amigos e Giacometti pediu para ser sepultado em Peroguarda.

No entanto, nunca António Reis soube que ela composia poemas e Giacometti só o aprendi muito tarde. Virgínia disse-lhes seus poemas, mas alegando que ela tinha ouvido aqui e ali, ou aprendeu com sua mãe.

Sua poesia se desvia das formas tradicionais da poesia popular alentejana, tanto com os temas que na forma. É também, como ela mesma diz. a memória do tempo que viveu.

Virginia Dias aparece em "Polifonias - Paci è Saluta, Michel Giacometti", onde evoca em poemas, a personalidade de Giacometti e também participa no encontro com os cantores de Córsega, partilhando poesias e músicas.

Reencontramos Virgínia em "Encontros" onde se tornou um dos personagens principais.

Virgínia Dias

Virgínia Dias est né en Alentejo en 1935. Fille de paysans, elle dû quitter l'école à 11 ans à la fin de l'enseignement primaire pour aller travailler dans les champs des grands propriétaires terriens et aider sa famille à élever ses frères et soeurs. C'est au même âge qu'elle commence à composer des poèmes qu'elle conserve dans sa mémoire jusqu'à maintenant. Elle conte que ne pouvant apprendre dans les livres, ce sont les champs, les nuages, le vent... qui lui enseignèrent ce qu'elle a appris.

Elle rencontre une première fois le poète et futur cinéaste António Reis dans les années cinquante lors du déplacement du groupe choral où elle chante à Porto.  António Reis  se rendra ensuite à Peroguarda, le village où elle habitait et habite toujours, afin d'enregistrer les chants d'Alentejo et les poètes populaires, notamment Joaquim Antonio Lença, berger analphabète, que Virginia considère comme son maître en poésie. Plus tard António Reis conseillera à Michel Giacometti, "le Corse qui a sauvé la musique populaire portugaise" de se rendre à Peroguarda.  Ils deviendront ami et Giacometti demandera à être enterré à Peroguarda.

Pourtant António Reis ne sut jamais qu'elle composait des poèmes et Giacometti ne l'apprit que très tardivement. Virginia leur disait ses poèmes mais prétendant toujours qu'elle les avait entendu ici ou là, ou appris de sa mère.

Sa poésie s'écarte volontiers des formes traditionnelles de la poésie populaire alentejane, tant par les thèmes que par la forme. Elle est aussi, comme elle le dit elle-même. la mémoire des temps qu'elle a vécu.

Virginia Dias apparaît dans "Polifonias - Paci è Saluta, Michel Giacometti" où elle évoque, en poèmes, la personnalité de Giacometti, puis participe à la rencontre avec les chanteurs venus de Corse, échangeant poésie et chants.

Nous la retrouvons dans "Encontros" où elle est devenue l'un des personnages principaux.

Kudsi Erguner - 2

Oriundo de uma família de músicos, Kudsi Erguner teve a oportunidade de conviver com grandes músicos de uma geração mais antiga, e impregnou-se nesse contacto, de um estilo autêntico, reflexo de séculos de cultura musical. Ele é, na música erudita Otomana o único músico turco da sua geração a ter recebido, pelo seu pai, um ensinamento directo como acontecia na tradição oral.

Por outro lado, tendo participado nas reuniões de diversas confrarias sufis, seguiu os seus ensinamentos não só espirituais mas também musicais.

Os numerosos concertos que tem realizado, tanto nos Estados Unidos como na Europa, fizeram descobrir a música erudita Otomana e a música Sufi ao público do Ocidente. Conselheiro artístico de vários grandes festivais, produtor de discos em diversos editores Europeus, contribuiu fortemente para que estas músicas reencontrem um lugar no seio do património cultural internacional, e em consequência, na própria Turquia…
Os seus numerosos CD editados na Europa, nos Estados Unidos, no Japão e na Turquia, constituem hoje um vasto catálogo que expõe não apenas a interpretação autêntica e a criatividade de Kudsi Erguner, mas também apresentam um vasto leque para descobrir as diferentes facetas da música Otomana.

Os concertos que Kudsi Erguner deu no quadro do Festival de Musica de Istambul fizeram despertar um interesse crescente no seio das jovens gerações turcas e contribuiu fortemente para um regresso apaixonado às artes tradicionais, particularmente as ligadas ao Sufismo…

Criou em Paris a associação "Roumi" onde ensina a tradição Sufi e a música erudita e sufi segundo a tradição original. Dirige ainda duas pequenas comunidades ligadas à tradição dos "Mevlevi" (Derviches "volteadores), uma em Paris e outra em Istambul.

Kudsi Erguner

Issu d'une famille de musiciens turcs, Kudsi Erguner a eu l'opportunité de côtoyer de nombreux grands musiciens de l'ancienne génération, et s'est imprégné à leur contact, d'un style, reflet de siècles de culture musicale. Il est l'un des seuls musiciens turcs de sa génération à avoir reçu, par son père, un enseignement direct comme le veut la tradition orale.

D'autre part, ayant participé aux réunions de plusieurs confréries soufies, il a suivi leur enseignement non seulement spirituel, mais aussi musical.

Par ses activités musicales, concerts, festivals, éditions de disques, il a fortement contribué à ce que la musique savante ottomane et la musique soufie d'Istanbul retrouvent leur place au sein du patrimoine culturel international, et par contrecoup, en Turquie même... suscitant un intérêt grandissant au sein de la jeune génération Turque, et contribuant ainsi à un retour passionné de celle-ci vers les arts traditionnels, particulièrement ceux liés au Soufisme. ...
Il a créé une association où il enseigne la tradition Soufie, et la musique savante et soufie selon la tradition originale et dirige aujourd’hui deux petites communautés liées à la tradition des "Mevlevi" (Derviches Tourneurs), une à Paris et une à Istanbul.

Cláudio Torres - 2

A história é feita de muitas memórias. O documento escrito, nas suas linhas e entre-linhas, pretende mostrar à posteridade os feitos dos poderosos, os registos de uma história encomendada. Aos oprimidos, sem escrita, resta o efémero de um gesto ou acorde musical, resta o artefacto humilde de todos os dias, a panela escura que esbeiçou de cansaço ou o candil onde o azeite secou. Neste nosso museu vamos contar a história possível dos vencidos, dos camponeses, pescadores e artesãos de Mértola, a quem chamaram mouros, e que habitaram e ainda habitam as casas dos seus antepassadosmaures.
Cláudio Torres
  

Nascido em Tondela, no norte do Portugal, Claúdio Torres fugira do país para escapar da ditadura de Salazar e das guerras coloniais, passando pela Checoslováquia, Roménia (onde se formou em História da Arte ) e África do Norte, antes de regressar a Portugal, em 1974 e integrar a Faculdade de Letras de Lisboa, onde lecionou até 1986. Cláudio Torres chegou em Mértola em 1978, onde fundou o campo arqueológico, com particular ênfase para o "período islâmico" e as escavações do bairro almóada de idade. 

A “continuidade” entre as duas margens do Mediterrâneo apaixona-o e sobre o período islâmico em Portugal Cláudio Torres explica que não se tratou de conquistas militares, do mito dos mouros penetrando a peninsula ibérica, conquistando territórios, submetendo as populações pela força, e alguns séculos mais tarde expulsos pela reconquista épica dos exércitos cristãos. O que nos contam as ruínas de Mértola, segundo Cláudio Torres, é a chegada gradual de comerciantes oriundos da Africa do Norte e da bacia mediterrânica, que se instalaram no que era então um porto fluvial importante, e que trouxeram com eles, o Islão. Ele fala-nos de um passado onde não existem "eles e nós”. E são os objectos do quotidiano que mostram esta continuidade, que encontramos também no saber culinário, no artesanato, nas palavras árabes utilizadas sem o saber, pelos portugueses, na poesia popular...

Director do Campo Arqueológico de Mértola (desde 1980)
Prémio Pessoa (1991), Prémio Rómulo de Carvalho (2001), Doutor Honoris Causa pela Universidade de Évora (2001).

Director do Parque Natural do Val do Guadiana, Presidente do Comité Português do l'ICOMOS (Comité Internacional dos Monumentos et Sítios). Representante do Portugal no Comité do Património Mundial da UNESCO em 2000, membro do Conselho Consultativo do IPA - Institut Portugais d'Archéologie e do IGESPAR - Institut de Gestion du Patrimoine Architectonique et Archéologique). Membro da Comissão Científica do projecto "Museu sem Fronteiras". Membro da direcção científica dos projecos e exposições(Portugal Islâmico, em 1998; Marrocos-Portugal: portas do Mediterrâneo, em 1999, Discover Islamic Art, 2004-2007 etc.)

Cláudio Torres

L'histoire est faite de multiples mémoires. Le document écrit, dans ses lignes et entre-lignes, prétend montrer à la postérité les faits et actes des puissants, registres d'une histoire écrite sur commande. Aux opprimés, sans écriture, reste l'éphémère d'un geste ou d'un accord musical, reste l'humble ouvrage de chaque jour, la marmite noircie qui déborde de fatigue, ou la lampe à huile où l'huile d'olive a séché. Dans notre musée, nous allons conter l'histoire possible des vaincus, des paysans, des pêcheurs et artisans de Mértola, ceux qu'on appela les mouros (les maures), et qui habitèrent et habitent encore les maisons de leurs ancêtres.
Cláudio Torres

Né à Tondela, dans le Nord du Portugal, Claúdio Torres s'est enfui du pays pour échapper à la dictature de Salazar et aux guerres coloniales, passant par la Tchécoslovaquie, la Roumanie (où il obtint un diplôme d'Histoire de l'Art) puis l'Afrique du Nord avant de revenir au Portugal en 1974 lors de la Révolution des Oeillets et d'intégrer la Faculté des Lettres de Lisbonne où il enseigna jusqu'en 1986. Cláudio Torres est arrivé à Mértola en 1978 où il a fondé le Champ Archéologique, mettant notamment l'accent sur la "période islamique" et les fouilles de l'ancien quartier almohade.

La "continuité" entre les deux rives de la Méditerranée le passionne et sur l'époque islamique au Portugal, Claúdio Torres explique qu'il ne s'est pas agi de conquêtes militaires, du mythe de maures pénétrant la péninsule ibérique, conquérant territoires et soumettant les populations par le glaive puis quelques siècles plus tard expulsés par la reconquête épique des troupes chrétiennes. Ce que conte les ruines de Mértola, d'après Cláudio Torres, c'est l'arrivée graduelle de commerçants venus d'Afrique du Nord et du bassin méditerranéen, qui s'installèrent dans ce qui était alors un port fluvial important, et qui avec eux, apportèrent l'Islam. Il nous parle d'un passé où n'existent pas "eux et nous". Et ce sont les objets du quotidien qui montrent cette continuité que l'on retrouve aussi dans le savoir culinaire, l'artisanat, les mots arabes employés, sans le savoir, par les portugais, la poésie populaire...

Directeur du Campo Arqueológico de Mértola (depuis 1980)
Prix Pessoa (1991), Prix Rómulo de Carvalho (2001), Docteur Honoris Causa de l' Université de Évora (2001).
Directeur du Parc Naturel du Val do Guadiana, Président du Comité Portugais de l'ICOMOS (Comité International des Monuments et Sites). Représentant du Portugal au Comité du Patrimoine Mondial de l'UNESCO en 2000, membre do Conseil Consultatif de l'IPA - Institut Portugais d'Archéologie et de l'IGESPAR - Institut de Gestion du Patrimoine Architectonique et Archéologique). Membre de la Commission Scientifique du projet "Musée sans Frontières". Membre de la direction scientifique des projets et expositions (Portugal Islâmico, en 1998; Marrocos-Portugal: portas do Mediterrâneo, en 1999, Discover Islamic Art, 2004-2007 etc.)

sinopse (português)

Filme de encontros, O Último Porto increve-se na continuidade dos meus dois filmes anteriores Encontros e Polifonias, formando com eles uma espécie de tríptico. Mas, ao propor um encontro entre as culturas portuguesa e turca, vai  cruzar com  dois filmes que realizei nos anos 70 sobre as cerimónias - o zikhr - nos tekkes de confrarias soufis na Turquia : Mevlevi e Djerrahi.

O Último Porto procurará concretizar em imagens e sons o sentimento de uma analogia subterrânea, - em parte subjectiva -  de certos dados topográficos e culturais portugueses e turcos, evocando assim a permanência secreta e silenciosa da cultura muçulmana subjacente á cultura portuguesa.

Ao provocar encontros entre membros destas duas culturas, por intercessão da música, do canto, da poesia e dos lugares, poderá revelar-se o que, para além dos dados históricos, tece os laços entre dois universos aparentemente tão distantes um do outro.

Se historicamente, nada vem fundamentar uma relação directa entre Portugal e a Turquia, é certo contudo que a presença moura marcou profundamente a cultura portuguesa e que a cultura turca à medida que o seu povo avançava desde as estepes da Mongólia em direcção ao Oeste, se impregnou fortemente da cultura árabe e muçulmana, mas também da cultura bizantina.

 Por isso, ouvir o ritmo do bendir, o tambor utilizado pelos sufis e os sons do zikhr ressoar sobre as falésias da costa vicentina, lá onde Ibn Quasi, o rei sufi de Mértola, teria instalado o seu tekke (ribat), ouvir o som do ney turco elevar-se na planície alentejana ou acompanhar um poema de Virgínia Dias poderá interrogar-nos sobre os universos humanos e culturais que interagem além das fronteiras do espaço e do tempo, e em que medida ainda o olhar do outro e as partilhas nos enriquecem, reanimando memórias seculares, que longe de qualquer nostalgia, alimentam o nosso presente e o nosso futuro.

synopsis (français)

Film de rencontres, Le Dernier Port (O Último Porto) s'inscrit dans la continuité de mes deux films précédents, Encontros et Polifonias, formant avec eux comme un triptyque. Mais au-delà, proposant une rencontre entre les cultures et les mémoires portugaise et turque,  il croisera aussi deux films que j'ai réalisés dans les années 70, deux films qui avaient pour thème les cérémonies - zikhr - de confréries soufies de Turquie: Mevlevi (1970) et Djerrahi (1978).

O Último Porto souhaite concrétiser en images et sons le sentiment d'une analogie souterraine, sans doute en partie subjective, entre certaines données topographiques et culturelles portugaises et turques, évoquant aussi la permanence silencieuse de la culture musulmane dans la culture portugaise.

En provoquant des rencontres entre des membres de ces deux cultures, par l'intercession de la musique, du chant et de la poésie, mais aussi en invoquant l'esprit des lieux, devrait venir au jour ce qui, au-delà des données historiques, tisse des liens entre deux univers apparemment si distant l'un de l'autre. Apparemment seulement car si, historiquement, rien ne vient fonder une mise en relation directe du Portugal avec la Turquie, il est cependant certain que la présence maure a marqué en profondeur la culture portugaise tandis la culture turque, à mesure que ce peuple progressait depuis les steppes de Mongolie en direction de l'Ouest, s'imprégna fortement de la culture arabe et musulmane mais aussi de la culture byzantine.

Aussi entendre le rythme du bendir, le tambour utilisé par les soufis, et les sons du zikhr résonner sur les falaises de la côte vicentine, là où Ibn Quasi, le roi sufi de Mertola, aurait eu son tekke (ribat),  écouter le son du ney turc s'élever sur la planicie alentejane ou accompagner un poème de Virginia Dias devrait nous amener à nous interroger sur des univers humains et culturels qui se répondent au-delà des frontières de l'espace et du temps et en quoi la mémoire, le regard de l'autre et le partage nous enrichissent et ravivent des mémoires séculaires qui, loin de toute nostalgie, nourrissent notre présent et notre futur.

générique

un film de
Pierre-Marie Goulet
avec
Kudsi Erguner
Virgínia Dias
Cláudio Torres
Manuela Barros Ferreira
Margarida Pamplona Leite

texte de Sérgio Godinho


photo ©Teresa Garcia 2013

réalisation de Pierre-Marie Goulet

image: Galahad Goulet
son: Alexandre Abrard, Dumnac Goulet
montage: Pierre-Marie Goulet
mixage : Hugo Leitão
étalonnage : Andreia Bertini

1er assistant-réalisaeur: Teresa Garcia
2ème assistant-réalisateur (Mértola): Rossana Torres

1º assistant-image: Niall O’Byrne

chef machiniste: David Valente
machiniste: Rui Pereira

photographe de plateau
António Cunha

producteurs
António Câmara Manuel (Dupla Cena)
Chantal Dubois (Aum Films)
producteur associé
Paulo Trancoso

direction de production / régisseuse
Helena Baptista (Nicha)
assistante de production
Mariana Carvalho
assistant de production (Mértola)
Adriano Fernandes
assistante de production (Aljezur)
Ami Daysi

une coproduction
DuplaCena, Portugal
Athanor, Portugal,
Aum Films, France

avec le soutien financier de
ICA-Instituto do Cinema e Audiovisual et de la RTP-Rádio Televisão Portuguesa

lieux de tournage:
Mértola, Alentejo, Portugal
Aljezur, Algarve, Portugal
Istanbul, Turquie

matériel image, machinerie: Vast Valley
matériel son: Filmebase
laboratoire de post-production: Walla Collective, Lisbonne

Pays de production: Portugal, France
Année: 2019
Couleur, HD, 1.66, Stéréo
Durée: 87 minutes
Format diffusion: DCP 25FPS, ProRes 422, Blu-ray

Distribution: DuplaCena / Athanor / Aum Films
© 2019 DuplaCena / Athanor / Aum Films